14/08/2015 00h43
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA (64ª POSTAGEM)
MARGA CENDÓN (1959) poeta gaúcha, é também artista plástica, cronista, contista e assina, atualmente, coluna na revista Viapampa (edição impressa) na cidade de Uruguaiana, onde reside. Participou de várias antologias (Os Cem Melhores Poemas do Twitter 2013) e publicou dois livros de poemas: Lonjuras(2013) e Sal e Trigo(2014). POEMA 3 Não há fim. Tudo em mim é recomeço. POEMA 21 Sou enraizada no pampa. Quando um pássaro me habita sou uma árvore que canta. POEMA 39 Asa... Palavra que Remete às lonjuras
Desenraíza-me.
E já não cabe a solidão das gaiolas. Sou um verso que voa. CLASSIFICADOS DE CARNAVAL Eu, Colombina, procuro o Arlequim que chorou por mim no meio da multidão. Quem souber informar, favor contatar um dos mil palhaços no salão. DORA RIBEIRO(1960) poeta matogrossense, nasceu em Campo Grande, viveu mais de 20 anos em Portugal e mudou recentemente para a China. Estreou com Ladrilhos de Palavras (1984) e publicou os livros de poemas Começar e o fim (1990), Bicho do Mato (2000), Taquara Rachada (2002), A teoria do jardim (2009), Olho empírico (2011). quero falar uma língua nova principiada na carta do teu corpo sem escrita lúcida nem modos genitivos quero uma língua já gasta gentilizada versada em todos os paganismos sórdidos e elegantes imagino-a já enciclopédica ruminante e devoradora de esperas língua sem contenção musa de labirintos MEU CINEMA o plano está bastante inclinado e nós estamos lá simples e molhados
(há ovelhas à volta e as árvores são esculturas feitas de ventania)
o chão olha debaixo da minha saia
e você vê ali o céu descoberto
eu finjo distração e morro por segundos nos seus braços NA POESIA... Na poesia a palavra só ressoa depois primeiro fala para dentro numa fidelidade própria das coisas sem começo nem fim
aqui como nas Ruas há caos e transparência poucas saídas e uma só entrada. BEIJING toda destruição deixa alguma espécie de marca caras queimadas braços vazios fios elétricos pendurados no ar
reescrever não tem lastro silencioso todos os paus do corpo gritam pedem justiça para a sua pele nada mais teatral do que a morte disse ashbery mesmo a morte do acabado
o reescritor porém ignora a propagação do desejo de destruir não destruir e convencido da história constrói não constrói ..................................................................................... osso oráculo osso de tanto se repetir a língua vibra em estilhas e mergulha em novos significados palavras escuras nascem já divinatórias para fazer morrer em mulheres e homens as suas primeiras imagens sob manhãs moventes pensar os arredores e seus sexos é obra de demolição CRISTINA OHANA (1961) poeta mineira, fez numerosas performances teatrais nas décadas de 80 e 90. Hoje, faz filosofia na UFSC, mantêm três blogues ligados à literatura e filosofia. Publicou 3 livros de poemas: Senhor S (1980). Fausto sem Rugas(2013) e Pele dos Dias (2014). Seu poema A Bíblia negra de Chamberlain foi vencedor do Prêmio Moacyr Scliar, em 2008. MIMESIS DA CAL Todas as palavras morreram pá de cal assombrosamente falamos, agora, sem falar pá de cal a escuta em cemitérios de línguas mortas pá de cal poemas mudos a andar por estradas brancas pá de cal a mulher sem nome que mata nomes pá de cal legiões de surdos mudos adentram palácios pá de cal os poetas ungidos em sânscrito já não falam mais pá de cal. UM POEMA SEM HERÓIS E era tão grave o dia que não se compreendia
e era tão grave a palavra que custava sangue
e era tão grave a menina que chamaram-na poesia
foram os faróis que nunca teve os pais sem direção
a nudez de afetos ruas a dentro
ao longe as ferrovias do avô acenavam sorte
é que já andava a observar vizinhos vestida de poema
verdes foram os anos em que não nasceu
o resto cacos de poesia
e era tão grave ser
que inexistiu. POEMA VERMELHO Sangue no pano da cena Uma navalha risca a arena Homens castigam a terra que os castiga em omissão de águas Cactos suspiram mortos em paisagem assada ao sol de Granada Aqui jaz poeta e personagens Três atos sete quadros vinte e uma covas em matemática andaluz Depois, retirou sutilmente a pele de todos antes de os enterrar Ele os pariu orientou-os em tragédia por tanto pode assassiná-los Espanha anunciada no suicídio vermelho de Lorca CEMITÉRIO DE POETAS Frio azulado o cemitério dos poetas
molha-me os ossos uma chuva ácida cáustica
na terra, Edgar Allan Poe Rimbaud Omar Kayan
um réquiem exausto executa-se por si só no parque
foram anjos foram nada para o barro molhado
o fim dos versos pesa por sobre a bruma em lamentos de Mallarmé
sou vizinha de Lorca posso ler ainda no epitáfio de fumaça
a palavra sangue que cobre a cena em coreografia arrítmica
lá onde dorme Camões onde mar é idioma
onde Dante descansa infernos e propõe silêncio inerte
na tumba de Baudelaire não nascem flores na palavra flor
e eu? apenas bailarino palavras
onde poetas não mais precisam delas. ELKE LUBITZ (1981) poeta catarinense , é pedagoga e escreve nas redes sociais e em alguns sites e blogues. Já foi premiada duas vezes pela academia de letras de Jacareí: em 2013 e 2014. Participa com dois poemas de uma antologia publicada por essa academia. Atualmente atua como empresária e reside em Jacareí, interior de São Paulo. ALINHAVO Na linha da tarde O fio da esperança Costura os vazios. O OUTRO LADO Construo poemas Para ser Lida Do outro Lado: O de Dentro. NUVEM segurei forte tua mão de nuvem até o céu se abrir no entre sopro, - pálpebras do sonho - alisei os vincos, dorso imóvel do teu braço solto na agonia dos dias deambulei em giros, toda ave muda que me calava a espinha ora dor, ora sono... me guardei em ventos - folhas - sobras - ciscos e galguei os prantos, “Os lagos meus, São Tantos “ FOTOGRAFIA Não era Lua, Nem flor... Aquarelas mágicas - Mar e nuvens Tudo ela tinha Nas areias do seu quarto. _ auto retrato Publicado por Rubens Jardim em 14/08/2015 às 00h43
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