Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
25/10/2018 16h06
DEPOIMENTO SOBRE A DITADURA MILITAR DE 64

Fiz questão de trazer aos amigos e parentes este depoimento de Arnaldo Afonso, publicado hoje em seu blog, Sarau, Lual e o Escambau, no Estadão.
Vale a pena ler o testemunho dele em relação ao período
da ditadura militar de 64.

COMUNICADO >>> Este amoroso e desarmado poeta dos saraus comunica a quem interessar possa (e aos desinformados de plantão) que viveu sua adolescência sob as botas sujas de sangue dos militares da ditadura de 1964. Este poeta já velho, mas gozando ainda de boas condições físicas e mentais, assegura que não gostou, nem tem boas recordações do obscuro período (censura, tortura, prisões, mortes, ameaças, perseguições). Por não ter sido bom, não deseja essa experiência de terror para mais ninguém. O poeta declara ainda, por julgar de utilidade pública, que nas primeiras oportunidades de votar, não titubeou: elegeu Orestes Quércia, Severo Gomes, Franco Montoro e todos os ‘oposicionistas’ que a ditadura permitia que concorressem aos pleitos manipulados de então (convém dizer que muitos líderes políticos estavam presos ou no exílio). Assim, lentamente e a duras penas, chegamos à democracia. O poeta diz ainda, caso alguém se interesse, que não importa saber o nome do adversário do ‘coiso’. Vai votar no #EleNão (o adversário do ‘coiso’ é o Haddad, mas poderia ser o Ciro, o Alckmin, a Marina, o Serra ou o FHC, tanto faz). O poeta está velho demais para suportar viver novamente sob as mesmas botas sujas do sangue de jovens brasileiros democratas assassinados. Quem pagou por esses crimes? Quantos serão mortos dessa vez? Bolsonaro, favorito nas pesquisas, disse que ‘deveriam ter matado uns 30 mil’. Este velho poeta aqui prefere evitar o confronto. Mas sabe, de antemão, que estará na resistência ao fascismo, desarmado e amoroso, engrossando a lista dos adversários do ‘coiso’ (como no poema de Gullar, ‘formaremos uma muralha com nossos corpos de sonho e margaridas‘). Dessa vez, capitão, vocês vão ter que matar mais, bem mais que 30 mil.


Publicado por Rubens Jardim em 25/10/2018 às 16h06

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