Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
27/09/2008 10h39
EZRA POUND E A MEDIDA IN EXATA DO POEMA

Ezra Pound (1885 -1972). Poeta, escritor, ensaísta americano, passou quase toda a sua vida na Europa e foi uma das maiores figuras do movimento modernista da poesia do início do século XX. Sua influência e do seu projecto de renovação da linguagem poética fez-se sentir em Joyce, Yeats, William Carlos Williams e particularmente em T. S. Eliot, que submeteu o manuscrito da sua obra The Waste Land à apreciação de Pound antes de o publicar em 1922. As correcções feitas por Pound mereceram-lhe a dedicatória de  "For Ezra Pound, il miglior fabbro" (A Ezra Pound, o melhor artífice). Pound também foi responsável pela publicação do Retrato do Artista Quando Jovem e do Ulisses, de James Joyce.
Seu primeiro livro, A Lume Spento, saiu em Veneza em 1908, ano em que vai para Londres, onde reside até 1920. Volta para a Itália em 25, Rapallo, e em 40 começa a fazer controvertidas transmissões pela Rádio Roma. Em 43 é acusado de traição e em maio de 45 se entrega às tropas norte-americanas. Durante 3 semanas fica preso numa gaiola de aço ( gorilla cage) em Pisa. Em 1946 é declarado louco e fica internado 12 anos no Hospital Elisabeth, em Washington. Libertado em 1958 --quando tinha 72 anos-- Pound  volta para a Itália, continua trabalhando em seu poema Cantos e morre em Veneza, 1972.

“Há uma qualidade que une todos os grandes escritores: escolas e colégios são dispensáveis para que eles permaneçam vivos. Tirem-nos do currículo, lancem-nos à poeira das bibliotecas. Chegará um dia em que um leitor casual, não subvencionado nem corrompi do, os desenterrará e os trará de novo à tona. No medieval, Virgílio era a literatura oficial, mas todo mundo continuava lendo Ovídio.”

“A educação que não se apoia na vida e nos problemas mais vitais e imediatos de sua época não é educação; é apenas sufocação e sabotagem.”

“A arte jamais exige que alguém faça algo, pense algo ou seja algo. Ela existe como existem as árvores: você pode admirá-las, sentar-se à sua sombra, colher bananas, apanhar lenha para o fogo, fazer o que bem quiser.”

“Quando eu estava na escola preparatória, Ibsen era uma piada nas revistas cômicas, e os grandes autores dos semanários literários e das melhores revistas eram...uma série de homens hoje conhecidos apenas dos estudiosos daquele período e dos pesquisadores.”

“A doença destes últimos cento e cinquenta anos tem sido a abstração. Que se espalhou como a tuberculose.”

“Todo ensino de literatura deveria ser efetuado pela apresentação e justaposição de espécimes de escrita e não pela discussão da opinião de uma outra pessoa qualquer a respeito do relevo de um poeta ou autor.”

“Os artistas são as antenas da raça. Os escritores de uma nação são os voltímetros e os manômetros da vida intelectual dessa nação. São os seus instrumentos registradores.”

“A única crítica realmente danosa é a crítica acadêmica dos que fazem o grande sacrifício, que se recusam a dizer o que pensam, se é que pensam e repetem as opiniões consagradas; esses homens são a praga.”

“É por uma razão dessa ordem que toda crítica deveria ser, reconhecidamente, uma crítica pessoal. Ao fim e ao cabo, o crítico só pode dizer gosto disto ou estou comovido ou algo parecido.”

“Vamos, lamentemos os que estão em melhor situação que a nossa. Vamos, meu amigo, e lembra-te: os ricos têm mordomos e não têm amigos, e nós temos amigos e não temos mordomos. Vamos, lamentemos os casados e os solteiros. A aurora entra com pés pequenos, Pavlova dourada, e estou perto do meu desejo. E a vida não tem nada de melhor que esta hora de claro frescor, a hora de acordar juntos.”

“Oh geração dos afetados consumados e consumadamente deslocados, tenho visto pescadores em piqueniques ao sol, tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas, tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes e escutado seus risos desengraçados. E eu sou mais feliz que vós, e eles eram mais felizes do que eu; e os peixes nadam no lago e não possuem nem o que vestir.”

“Com usura nenhum homem tem casa de boa pedra... com usura nenhum homem tem um paraíso pintado na parede de sua igreja... com usura a lã não chega ao mercado, a ovelha não dá lucro...a usura embota a agulha nos dedos da donzela, tolhe a perícia da fiandeira...usura enferruja o cinzel, enferruja a arte e o artesão, rói o fio no tear... Usura mata a criança no ventre, detém o galanteio do moço”

Para facilitar a vida das pessoas interessadas também em ver e ouvir o poeta Ezra Pound, fomos até o YouTube e fizemos uma pequena seleção de endereços. Vá até lá conferir:
http://br.youtube.com/watch?v=0YJSG1C3sF8
http://br.youtube.com/watch?v=Aba1dVLVSFg


Publicado por Rubens Jardim em 27/09/2008 às 10h39

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