Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
01/10/2008 18h04
HENRY MILLER: O PROFETA DA DESORDEM SALVADORA

Henry Miller é, sem dúvida, um dos maiores e mais controvertidos escritores do século passado. Nasceu em Nova Iorque em 26 de dezembreo de 1891 e morreu no verão de 1980. De 1944 até 1962 viveu em Big Sur, região costeira da Califórnia, onde aprendeu coisas que até Deus duvida. Por exemplo: a dizer amem pela primeira vez em sua vida. Sua casa em Big Sur foi transformada na Henry Miller Memorial Library. Publicou Trópico de Cancer em 1934, em Paris. Esse livro, proibido nos EUA até 1961, lhe trouxe notoriedade imediata. Além de recompor suas finanças ao vender mais de 1 milhão de exemplares. Outros livros que podem e devem ser lidos, sem reservas:  Primavera Negra, O Mundo do Sexo, Pesadelo Refrigerado, Trópico de Capricórnio, Tempo dos Assassinos (sobre o poeta Rimbaud) e o absurdamente poético Colosso de Marússia (sobre viagem à Grécia). Além, é claro,  da trilogia da crucificação encarnada, que reúne os volumes de Sexus, Nexus e Plexus. Quanto ao alegado conteúdo pornográfico, presente em alguns de seus livros, o que se pode dizer é que qualquer novela das oito tem mais cenas de sexo do que os livros de Henry Miller. Que, apesar disso, continua sendo um dos autores mais libertários e libertinos que já existiu.

“São as pequenas coisas que importam, não a fama, o sucesso, a riqueza. No topo há muito pouco espaço, ao passo que no fundo há muitos como você, não há ajuntamento e ninguém para instigá-lo. Não pense sequer por um momento que a vida de um gênio é feliz. Longe disso. Seja grato por ser um joão-ninguém.”

"Estamos todos ligados uns aos outros por uma igniminiosa relação de senhor e servo; todos presos no mesmo círculo vicioso entre julgar e ser julgado; todos empenhados em destruir-nos mutuamente quando não conseguimos impor a nossa vontade. Em vez de sentirmos respeito, tolerância, bondade e consideração, para já não falar em amor, uns pelos outros, olhamo-nos com medo, suspeita, ódio, inveja, rivalidade e malevolência."

“Uma coisa parece-me cada vez mais evidente: o caráter básico da pessoa não muda com o passar dos anos. Com raras exceções, a pessoa não se desenvolve ou evolui. O carvalho continua sendo um carvalho, o porco um porco, e o burro um burro.”

“A vida obriga-nos a aprender algumas lições, mas não necessariamente a crescer.” 

“A mocidade pode ser gloriosa, mas é também dolorosa para se suportar.”

"O homem de gênio, quer pela sua obra, quer pelo seu exemplo pessoal, parece estar sempre a proclamar a verdade segundo a qual cada um é a sua própria lei, e o caminho para a realização passa pelo reconhecimento e pela compreensão do fato de que todos somos únicos. "

“O que eu prezo acima de tudo é o senso de maravilhamento. Por mais que possa vituperar contra a condição de vida em que nos encontramos, deixei de acreditar que sou capaz de remediá-la. Talvez seja capaz de alterar um pouco minha situação, mas não a dos outros.”

“Tive, e ainda tenho, amigos que são joões-ninguém e devo confessar que eles estão entre meus melhores amigos.”

“Não tento mais converter as pessoas à minha visão das coisas, nem curá-las.” 

“Deus não está do seu lado, mas a seu lado.”

“A gente pode aprender mais com uma criança do que com um professor conceituado.”

“Nada de valor aprendi na escola. Mesmo hoje, não creio que fôsse capaz de passar num exame de escola primária de qualquer matéria.”

“O que está desgraçadamente faltando em nosso mundo de hoje é grandeza, beleza, amor, compaixão --e liberdade. Foram-se os dias de grandes indivíduos, grandes líderes, grandes pensadores. Em seu lugar estamos criando uma ninhada de monstros, assassinos, terroristas.”

“Somos incapazes de pemanecer anônimos, como aqueles homens que construíram as grandes catedrais. Queremos ver nossos nomes escritos com luzes de neon.”

“Você deixa de pensar em melhorar o mundo --ou mesmo a si próprio. Você aprende a ver não aquilo que quer ver, mas tudo que existe. E aquilo que existe é geralmente mil vezes melhor do que aquilo que poderia ou deveria ser.”

“Eu acreditava que para ser escritor era necessário, pelo menos, escrever cinco mil palavras por dia. Acreditava que era preciso dizer tudo, duma só vez, num só livro, e depois desaparecer.”

“Nunca havia lido a Odisséia; só lera a Ilíada, e assim mesmo há poucos meses. O que desejo dizer é que, depois de haver esperado 67 anos para ler estes clássicos universalmente estimados, senti por eles um certo menosprezo. Na Ilíada, ou manual do açougueiro, como o chamo, mais do que na Odisséia.”

“Não há crimes, não há guerras, não há revoluções, cruzadas, inquisições, perseguição e intolerância porque alguns de nós somos malvados, mesquinhos de espírito ou assassinos de coração; existe esta maligna condição nos assuntos humanos porque todos nós, tanto os justos como os ignorantes e os maus, carecemos de verdadeira tolerância, verdadeira compaixão, verdadeiro conhecimento e compreensão da natureza humana.”

Para facilitar a vida das pessoas interessadas em ver e ouvir o Henry Miller, selecionamos alguns vídeos no Youtube. Vá até lá dar uma espiadinha.

http://br.youtube.com/watch?v=swzQPz8oB1w
http://br.youtube.com/watch?v=dr_WCXYTEV0
http://br.youtube.com/watch?v=4vgY--BpGIw


Publicado por Rubens Jardim em 01/10/2008 às 18h04

Site do Escritor criado por Recanto das Letras