Ainda hei de estar dentro de você
como aquele menino esteve dentro
do canavial: sem bússola e roteiro
e sem este mar imitando as ondas
do derramar da cana. É estranho mas
o canavial ensina ao mar um amar seco.
Este é o verdadeiro milagre do canavial.
E o poeta João Cabral de Melo Neto
que sabia disso, nunca deixou de escutar
as vozes miúdas que vinham do canavial.
E eu que não sei nada, nem da terra,
nem do céu, vou beber caldo de cana
pra trazer de volta a veemência passional
que é a minha cachaça e a minha gana.