05/02/2010 01h00
INFELICIDADE É QUESTÃO DE PREFIXO. VIVER O SENHOR SABE: VIVER É ETCÉTERA. TINHA VERGONHA DE FRENTE --E DE PERFIL. EU SOU
Estes são apenas alguns dos achados verbais do grande mestre Guimarães Rosa. Coloquei muitos outros à disposição de você em www.rubensjardim.com , item Meu Diário, página 9.
E para quem possui, também, a sensação de que a "minha língua é minha pátria", coloquei um e-book: Carta ao Homem do Sertão. É só ir até lá, clicar e locupletar-se com a sabedoria danada de Guimarães Rosa. Venha dar uma espiada. Afinal, não é a toda hora que uma cultura produz um gênio da dimensão de Guimarães Rosa. E esse mito criado em torno de sua obra, ler Guimarães Rosa é difícil, não passa de mais um chavão de quem quer manter a linguagem e a vida presa em camisa de força. As suas inovações expressivas batem diretamente no ponto crucial de toda obra de gênio: a simplicidade. É só dar uma espiada e conferir. Lá em cima reproduzo algumas páginas desse livro-homenagem que foi lançado na minifeira do livro durante a realização da 1 Bienal Internacional da Poesia, em Brasília, em 2008. E aqui embaixo reproduzo um poema que me encantou e que faz parte do livro Magma, publicado em 1936 e premiado pela Academia Brasileira de Letras. Sono das Águas Guimarães Rosa Há uma hora certa, no meio da noite, uma hora morta, em que a água dorme. Todas as águas dormem: no rio, na lagoa, no açude, no brejão, nos olhos d’água, nos grotões fundos. E quem ficar acordado, na barranca, a noite inteira, há de ouvir a cachoeira parar a queda e o choro, que a água foi dormir... Águas claras, barrentas, sonolentas, todas vão cochilar. Dormem gotas, caudais, seivas das plantas, fios brancos, torrentes. O orvalho sonha nas placas da folhagem. E adormece até a água fervida, nos copos de cabeceira dos agonizantes... Mas nem todas dormem, nessa hora de torpor líquido e inocente. Muitos hão de estar vigiando, e chorando, a noite toda, porque a água dos olhos nunca tem sono... Publicado por Rubens Jardim em 05/02/2010 às 01h00
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