08/03/2012 11h46
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA (17)
ELIZABETH HAZIN (1951) poeta pernambucana, doutora em teoria literária pela USP já ensinou nas universidades federais de Pernambuco e Bahia e atualmente dá aulas na universidade de Brasília.Participou do Festival Internacional de Poesia, em Copenhagen. Estreou em 1974, com o livro Poesias. Outros títulos: Verso e Reverso(1980), Casa de Vidro(1982) Arco-Íris(1983), Espelho Meu(1985), Martu(1987 premio Rio de Literatura) e o Arqueiro da Lua(1994).
O melhor está sendo feito? Não. Perdido nas esquinas sugerido nos desejos o melhor não tem mais jeito.
É o pão que não comemos mas amassamos esse vinho derramado que não bebemos todo amor que não amamos — imaginado — é sempre o que não fazemos.
o melhor nasce desfeito ou nos desfaz em mil momentos?
Não Escute Não escute meu choro quieto: eu sou um deserto e preciso chorar
Não escute meu amor fugidio: eu sou um rio e preciso passar
Não escute meu sorriso constante: eu sou um instante e preciso durar
No espelho I Sombra fugaz num túnel sem fim o tempo passa despercebido passa de mim a outro espelho eu defronte de outro (eu mesmo?) um espelho no espelho no espelho somos nada ao infinito das vezes. Descubro um Narciso de repente em mim. Debruçado sobre mim me vejo mil vezes repetido: o mundo é só um túnel de vidro. Mas que imagem vale esse vazio sem rosto quebrando a solidão que corta meu corpo como um rio sem nunca alcançar meu coração?
DAGMAR BRAGA (1952) poeta mineira, professora, formou-se em letras pela PUC, especializando-se em literatura brasileira. Depois fez pós-graduação em jornalismo. Atualmente trabalha como revisora de textos e é responsável pelo espaço cultural Letras e Ponto, onde também ministra oficinas de literatura.Estreou em livro recentemente, 2008, com Geometria da Paixão, finalista no prêmio Jabuti de 2009.
CONSTRUÇÃO
Arqueologia removo o pó dos sonhos convoco oráculos deuses pitonisas remonto a um passado indecifrado labiríntico
descerro véus – é tua esta sentença?
como dói escavar este argumento o nó o laço o texto
quando somos nós mesmos subterrados
MADRUGADA quando em silêncio arde o desespero
tua mão acolhe o fogo e me desata
o dia serpenteia na garganta
DENISE EMMER (1956) poeta carioca, ficcionista,compositora, cantora e instrumentista. É formada em física, violoncelo e fez pós-graduação em filosofia. Já publicou 13 livros, dez de poesia e três romances. Estreou muito jovem, com Geração de Estrela (1975) e a sua obra mais recente, Lampadário(2008) conquistou o prêmio ABL de poesia.Compôs para trilhas sonoras de novelas e já ganhou até disco de ouro. Outros títulos: O Inventor de Enigmas(1989), Cantares de Amor e Abismo(1995) e Poesia Reunida(2002).
Das rochas escuto rimas
PROSA CANORA
AS GALÁXIAS As galáxias se expandem e nem ouvimos seus gritos
os labirintos se aprofundam sem que saibamos seus números esperamos que um cão azul decifre o infinito
e que nos esclareça a álgebra do abismo
a lógica do insondável
a física do ilimitado.
Por que é tão dramática a visão de um céu estrelado?
DA MORTE Os mortos não sobem aos céus nem elevam-se abstratos tornam-se apenas retratos lado a lado nas paredes.
Retrato do avô imóvel austero e silencioso do tio tuberculoso que esquivo me espia.
A avó já está fria mas me olha com ternura tece uma colcha escura para as bodas da família,
Mortos não sobem trilhas de inconsistentes arranjos não viram anjos nem brisas nem cristos nem assombrados.
Sequer passam dos telhados sequer vão a outros mundos quando morrem se enraízam e se alastram é pelos fundos.
Não lhes peço algum milagre também não lhes rogo bênçãos de dentro de seus quadrados não podem mover o Tempo.
Quadros em salas quietas emoldurados cinzentos memória em fragmentos — as vezes nem lhes percebo.
ELISA LUCINDA (1957) poeta capixaba, jornalista e atriz, é uma das primeiras vozes poéticas do Espírito Santo a cantar a negritude .Já fez incontáveis recitais divulgando seus poemas.Montou uma peça com seus poemas e ficou 6 anos em cartaz. Criou a Casa do Poema, no Rio , a TV Escola Lucinda de Poesia Viva e mantém um site na internet com parte expressiva de sua obra. Estreou em livro com Aviso da Lua que Menstrua (1990). Seguiram-se Sócia dos Sonhos(1994) O Semelhante(1994) e A Fúria da Beleza(2006). Aviso da Lua que Menstrua
Zumbi Saldo
Au Gratin
Publicado por Rubens Jardim em 08/03/2012 às 11h46
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