16/12/2014 19h42
AS MULHERES POETAS...(56ª POSTAGEM)
ANGELA MORAES SOUZA (1955) - poeta carioca, é arquiteta, artista plástica e vive em Florianópolis desde 1979. Participou de Antologias da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, do Projeto Literário Delicatta V e das Antologias Digitais: Sociedade dos Poetas Vivos 8 e Poesia para Mudar o Mundo 1. Publicou dois livros de poemas: Palavras Nuas(2002) e Um Fio de Seiva (2009). VIVO SEM CASCA Vivo sem casca e sem tempero. Crua. Sinto meu sabor natural. Sem mel nem sal. Deliciosamente crua.
QUANDO LEMBRO Quando lembro ontem tua mão doce afagando minha face, pergunto: Onde em todos esses anos tu a guardaste?
É LÁ É lá,
JUSTO AGORA Justo agora quando a minha confiança dá as mãos à coragem e caminha a passos certos, pois libertos, tu não me acreditas. E no entanto, um novo rumo está sendo aberto, embora, como tudo, incerto. ROSANA BANHAROLLI (1960) poeta paulista, é jornalista, já foi membro da Comissão de Literatura de Santo André (2011) e trabalha com coordenação e difusão de projetos culturais. Participa de várias antologias e já teve poemas e microcontos publicados na revista Piauí, Portal Literal, Caderno Pragmatha e outros. Foi uma das responsáveis pela criação e realização do 1º Fliparanapiacaba. Publicou Ventos de Chuva (2011) e o livro digital 3h30 ou quase isso (2013). sei das bruxas mas medro vampiros e fogueiras sou mulher e sangro inquisiçoes ..................................................................................... Num mundo ausente De espelhos abismos Labirintos absintos Minha dor é pimenta
Sem dó e devaneios
Minha fuga é no travesseiro Meu sonho é transpiração Troquei a fé pelo remédio
Sou teimosa em pé.
RADIOGRAFIA Tenho no desenho meu avesso
Ele vaza Ele sempre escapa E quando vejo o fosso Me reconheço outrora Do lado de fora
(OR) AÇÃO Vertigens dogmáticas Me levam ao chão Onde lavo meus pecados Em genuflexão ........................................................................................................ No auge de tempestuosa disputa entre o corpo e a alma, o baú, antes só visto através da imagem refletida no espelho, é finalmente aberto e a luz começa a entrar.
A alma quer ser desvelada, e o corpo hesita. IRACEMA MACEDO(1970) poeta potiguar, formou-se em filosofia na UFRN e concluiu mestrado na mesma área na UFPB. Doutoramento foi feito na Unicamp. Alguns anos viveu em Ouro Preto e trabalhou na UFMG. Atualmente, é professora no Instituto Federal Fluminense, em Cabo Frio. Publicou Lance de Dardos(2000), Invenção de Eurídice (2004) e Poemas Inéditos e Outros Escolhidos ( 2010). RÙSTICOS cercas de arame farpado sob a chuva alegria nas pedras do lajedo e nos alpendres fogueira mítica acesa entre escritos rupestres meninos e meninas nus dançando ao redor coice de cavalo, vela acesa dentro da geladeira à gás, açudes de água morna, cactos, carroças estávamos todos lá antes da luz elétrica preparados para perdas e recomeços
UM POMAR NO ESCURO Marimbondos estalando pelo corpo cacos de vidro verde sobre o muro mínimos guardiões desse desejo de furtar teus frutos e desabotoar essas paredes, calhas, luzes, rochedos que dividem e separam minhas chamas das tuas
DANDARA Eu só acreditava em Drummond: O amor chega tarde Não conhecia o amor que fulgura sem aviso esse que se sabe proibido o amor que já se sabe perdido desde o início Eu não acreditava no impossível vinha tão sóbria, tão cheia de medidas não conhecia o esplendor da queda nem a violência dos abismos
IDÍLIO Entre notícias antigas e muralhas construí com você um amor feito alucinadamente de palavras Meus versos seduzem os seus seus versos aliciam os meus Coloquei nossos livros juntos na estante para que se toquem e se amem clandestinamente durante as madrugadas MARIANA BOTELHO( 1984 ) poeta mineira, nasceu na pequena Padre Paraíso, Vale Jequitinhonha. Abandonou o curso de letras “por temer conhecer demais tudo aquilo que amava” e se formou em educação física. Escreve poesia desde os 12 anos e publica seus escritos no blog suave coisa. Estreou em livro em 2010, com O silêncio Tange o Sino, com apresentação do poeta Carlos Vogt. NASCENTE córrego cachoeira ribeirão
eu choro pra pertencer à paisagem
CASARÃO no corredor o vai vem das saias onde eu me agarrei
no quintal o fantasma da mangueira
no canto da sala a cadeira da minha avó onde um dia a dor me esperará
INTIMIDADE um pequeno itinerário de passos uma claustrofobia acariciada gente que todo dia me bate à porta e entrega-me os cílios meus que encontraram na calçada...
o dedinho de uma linda preta com quem dividir os cílios caídos com quem dividir o medo de não sobreviver e de sofrer a violência das crianças na escola.
aquela voz grave todas as manhãs todas as manhãs aquele cheiro só aquele cheiro de capim chovido os olhos negros do meu pai e uma cidade íntima soluçando dentro de mim.
ESTAÇÃO tenho um outono no corpo de onde as coisas caem
vejo doçura nas roupas espalhadas pelo chão Publicado por Rubens Jardim em 16/12/2014 às 19h42
|