Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
09/03/2008 18h35
RILKE:UM MAGNÍFICO POETA MEIO ESQUECIDO
Nascido em Praga em 4 de dezembro de 1875, Rainer Maria Rilke é considerado um dos poetas mais importantes e inovadores da literatura alemã. Depois de viver uma infância solitária e cheia de conflitos, foi estudar nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Quando tinha 22 anos conheceu Lou Andreas-Salomé, filha de um general russo, escritora e amiga de Nietzsche e Freud, e com ela viajou pela Rússia, época em que visitou Tolstoi. Publicou poemas nos livros Vidas e Canções(1894), Histórias do Bom Deus(1900), O Livro das Horas(1905), Novos Poemas(1908), Sonetos a Orfeu(1923) e Elegias de Duino(1923).  Em prosa, suas obras mais conhecidas são Os cadernos de Malte Laurids Brigge  e Cartas a um Jovem Poeta --livros também imperdíveis.
O que vocês vão ler aqui são alguns versos retirados de diferentes poemas e de textos em prosa, que já sinalizam para uma rara dimensão poética. Que, por essa exclusiva razão, exerceu expressiva influência em escritores e poetas dos anos 50 seja na Europa, seja na América e no Brasil. Vamos lá:
“É possível que, apesar do progresso, da cultura, da religião e da sabedoria universais, tenhamos permanecido na superfície da vida? E que mesmo essa superfície esteja recoberta de um tecido tão incrivelmente monótono que nos pareça móveis de sala numas férias de verão? Sim, é possível. É possível que toda a história da humanidade tenha sido um mal entendido?”
“Depois da primeira pátria,como parece a segunda incerta e sem abrigo!”
“Quem nos desviou assim, para que tivéssemos um ar de despedida em tudo o que fazemos?”
“Oh não porque a felicidade exista, essa prematura dádiva de uma perda iminente.”
“Estamos aqui para dizer as coisas como elas mesmas jamais pensaram em ser intimamente.”
“Oh! estar morto um dia e conhecer infinitamente todas as estrelas! Pois como esquecê-las, como?”
“Não acredites que o destino seja mais do que a infância e o que ela contém.”
“Ai, quem nos poderia valer? Nem anjos, nem homens e o intuitivo animal logo adverte que para nós não há amparo neste mundo definido.”
“Quem desconhece a angustiosa espera diante do palco sombrio do próprio coração?”
“E em torno desse centro, a rosa do contemplar floresce e desfolha.”
“Não amamos como as flores, depois de uma estação; circula em nossos braços, quando amamos, a seiva imemorial.”
“Não é tempo daqueles que amam libertar-se do objeto amado e superá-lo
frementes? Assim a flecha ultrapassa a corda, para ser no vôo mais do
que ela mesma. Pois em parte alguma se detém.”
“Sim, as primaverasprecisavam de ti. Muitas estrelas queriam ser percebidas.
Do passado profundo afluía uma vaga, ou quando passavas sob uma janela aberta, uma viola d’amore se abandonava.”
“Faz-se cada vez mais raro o desejo de ter uma morte particular. Mais um pouco, e será tão raro quanto ter uma vida particular. Meu Deus: tudo isso está aí. A gente chega, encontra a vida pronta, basta vesti-la.”
“Também não quero mais escrever cartas. Para que diria a outra pessoa que estou me modificando? Se me modifico, já não sou aquele que fui, sou algo diferente do que até agora era, então é evidente que não tenho conhecidos. E é impossível escrever cartas para gente desconhecida.”
“Versos não são, como as pessoas imaginam, sentimentos --são experiências. E por causa de um verso é preciso ver muitas cidades, pessoas e coisas, é
preciso conhecer bichos, é preciso sentir como voam os pássaros, e saber com que gestos flores diminutas se abrem ao amanhecer.”
“Nunca te vi, que não tivesse o desejo de te rezar. Nunca te ouvi, que não tivesse o desejo de acreditar em ti. Nunca te esperei, sem o desejo de sofrer por ti. Nunca te desejei, sem ter também o direito de me ajoelhar à tua frente.”
“Não quero visitar países que os teus sonhos não tenham percorrido, nem habitar cabanas, que não tenham abrigado o teu repouso.”
“Se uma só vez tivesses visto como o destino entra nos versos e não regressa.”
“Guarda-te melhor, guarda-te caminhante do caminho  que também caminha.”
“Lembrar aqui não é o bastante, o puro existir daqueles momentos tem de estar no fundo de mim.”
“De quem estamos próximos? Da morte ou daquilo que ainda não é ?”
  

Se você gostou destes trechos da escrita rilkeana e quer conhecer mais de perto o poeta das Elegias de Duino, vá até o Youtube e assista a leitura de uma das Elegias. O vídeo foi feito nas proximidades do Castelo de Duino. E quem faz a leitura é o poeta Rubens Jardim.
 Eis o endereço:
http://br.youtube.com/watch?v=nFqH1r3F57c

Publicado por Rubens Jardim em 09/03/2008 às 18h35

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