Rubens Jardim

A poesia é uma necessidade concreta de todo ser humano.

Meu Diário
29/10/2007 13h33
OTÁVIO PAZ: "A POESIA É O TESTEMUNHO DA INOCÊNCIA ORIGINAL"
Octavio Paz é o poeta mexicano mais prestigiado do século XX. Nasceu na cidade do México em 1914, época das lutas revolucionárias de Zapata. Passou parte de sua infância nos Estados Unidos e em sua vida adulta viveu na França e na Índia devido a sua atividade como diplomata. Ganhou o Premio Nobel de Literatura em 1990 e morreu em abril de 1998.
Sua vida familiar está polarizada entre duas figuras: seu avô Irineo Paz, escritor, intelectual e pessoa próxima ao governo de Porfirio Díaz e, seu pai, simpatizante da Revolução Mexicana e de Emiliano Zapata
Publicou ensaios imperdíveis El laberinto de la soledad (1950), Los signos en rotación (1965), El arco y la lira (1956) Tiempo nublado (1983) e poesía da melhor qualidade Luna sivestre, Raíz del hombre, Entre la piedra y la flor, Piedra del sol, Blanco,
Árbol Adentro. Veja abaixo alguns textos extraídos de sua vasta e competente obra em prosa e verso:


"As crianças, as mulheres, os enamorados, os inspirados e mesmo os loucos são a encarnação do maravilhoso. Tudo o que fazem é insólito. São irresponsáveis, inocentes. Imãs, pára-raios, cabos de alta tensão: suas palavras e seus atos são insensatos mas possuem sentido. São os signos dispersos de uma linguagem que desdobra diante de nós um leque de significados contraditórios --resolvido, por fim, em um sentido único e último. Através deles e neles o universo nos fala e fala consigo mesmo.”
“Um ser que não tem passado, que não tem mais do que futuro, é um ser de pouca realidade. Americanos: homens de pouca realidade, homens de pouco peso. Nosso nome nos condenava a ser o projeto histórico de uma consciência alheia: a européia.”
“O mexicano se sente arrancado do seio dessa realidade, simultaneamente criadora e destruidora, Mãe e Tumba. Por isso grita ou cala, apunhala ou reza.”
“Para os norteamericanos o mundo é algo que se pode aperfeiçoar; para nós é algo que se pode redimir.”
“A resignação é uma de nossas virtudes populares. Mais que o brilho de uma vitória nos comove a integridade frente a adversidade.”
“Não somos francos, mas nossa sinceridade pode chegar a extremos que horrorizariam a um europeu. A maneira explosiva e dramática com que nos entregamos revela algo que nos asfixia e sufoca.”
“O culto a vida, se de verdade é profundo e total, é também culto a morte. Ambas são inseparáveis. Uma civilização que nega a morte, acaba por negar a vida.”
“Para Rubem Dario, como para todos os grandes poetas, a mulher não é somente um instrumento de conhecimento senão o conhecimento mesmo. O conhecimento que jamais possuiremos, a súmula de nossa definitiva ignorância: o mistério supremo.”
“É revelador que nossa intimidade jamais aflore de maneira natural, sem o estímulo da festa, do alcool ou da morte.”
“O tempo mítico não é uma sucessão homogênea de quantidades iguais. Ele se
acha impregnado de todas as particularidades de nossa vida: é largo como uma eternidade ou breve como um sopro, nefasto ou propício, fecundo ou estéril.”
“Defender o amor tem sido sempre uma atividade perigosa e antisocial. E agora começa a ser, de verdade, revolucionária.”
“Escrevemos para ser o que somos ou para ser aquilo que não somos. Em um e outro caso, nos buscamos a nós mesmos. E se temos a sorte de encontrar-nos --sinal de criação--descobriremos que somos um desconhecido.”
“O inspirado, o homem que fala de verdade, não diz nada que seja seu: por sua boca fala a linguagem.”
“A poesia não salva o eu do poeta: dissolve-o na realidade mais vasta e poderosa da fala. O exercício da poesia exige o abandono, a renúncia ao eu.”
“As palavras e seus elementos constitutivos são campos de energia, como os átomos e suas partículas. A atração entre sílabas e palavras não é distinta da dos astros e dos corpos.”
“O homem é criador de maravilhas, é poeta, porque é um ser inocente. A poesia é o testemunho da inocência original.”
“O poeta moderno não tem lugar na sociedade porque, efetivamente, não é ninguém. Isto não é uma metáfora: a poesia não existe para a burguesia nem para as massas contemporâneas.”
“Há muitas maneiras de dizer a mesma coisa em prosa; só existe uma em poesia.”

Clicando neste link  http://www.youtube.com/watch?v=74XT01s7fMU você poderá assistir entrevista em que Otávio Paz fala de sua mãe, seu pai, seu avô, do campo e do zapatismo.
http://www.youtube.com/watch?v=17rvJEh6oMA clicando neste outro você poderá ouvir o poeta dizendo um de seus poemas.


Publicado por Rubens Jardim em 29/10/2007 às 13h33

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