Finalmente o teu corpo ressurgirá
diante da inquietação das coisas.
E tua face não mais estará voltada
aos espaços que não aprisionamos juntos.
Conheceste uma outra Paris
e eu
uma outra São Paulo.
E estas duas cidades nunca estiveram
tão próximas. Sempre havia algo
vindo em nossa direção: papéis,
palavras flutuantes,
e este corpo desancorado
no bateau ivre de Rimbaud.
Poetas amados reconduziram os trens
inexistentes aos trilhos
de uma travessia difícil.
Mas sem tirar nada do lugar
encontramos as mesmas coisas
em seus lugares essenciais.
Você aí e eu aqui.
E entre nós milhares de palavras
milhares de quilometros
milhares de escolhas
e nesse desalojamento
do ato de amar
o cinzeiro continua sempre no mesmo lugar.